sábado, 8 de outubro de 2011




"As pessoas tiram dos livros a ideia de que, se casarem com a pessoa certa, continuarão 'apaixonadas' a vida toda. O resultado é que, quando acham que não estão mais apaixonadas, concluem que cometeram um erro e podem mudar - sem perceber que, quando mudarem, o glamour do novo amor acabará se perdendo da mesma forma que desapareceu o antigo. Nessa área da vida, como em qualquer outra, a emoção vem no começo e não perdura. A emoção que um garoto sente com a ideia de voar pela primeira vez não durará quando ele já estiver na Força Aérea aprendendo a voar. O encanto que sentimos quando vemos um lugar bonito pela primeira vez esmorece quando passamos a morar lá.
   Outra ideia que tiramos das novelas e do cinema é que 'apaixonar-se' é algo irresistível; algo que a gente simplesmente 'pega' como sarampo. E, por acreditarem nisso, muitas pessoas casadas logo desistem quando se veem atraídas por um novo parceiro. Porém, estou inclinado a acreditar que essas paixões irresistíveis são mais raras na vida real do que nos livros, pelo menos quando se é adulto. Quando encontramos uma pessoa bonita, inteligente e simpática, é claro que, em certo sentido, amamos, admiramos e louvamos essas boas qualidades. Mas será que não é uma questão de escolha deixar esse amor virar ou não o que chamamos de 'estar apaixonado'? Não há dúvida de que, se a nossa mente estiver cheia de novelas, peças e músicas sentimentais, e o nosso corpo saturado de álcool, acabaremos achando que todo tipo de amor que sentimos por alguém é aquele; da mesma forma que, se houver uma vala em seu caminho, toda a água da chuva correrá por essa vala, e se você usar óculos com lentes azuis, verá tudo azul.
No entanto, será tudo culpa sua."

- Trecho do livro Cristianismo Puro e Simples, de C.S.Lewis.

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